sexta-feira, 27 de junho de 2008

para um poema de octavio paz

No hay
ni un alma entre los árboles.
Y yo
no sé adónde me he ido.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

para um poema de orides fontela

O peixe
é a ave
do mar

a ave
o peixe
do ar

e só o
homem
nem peixe nem
ave

não é
daquém
e nem de além
e
nem

o que será
já em nenhum
lugar.







quarta-feira, 25 de junho de 2008

para um poema de mario quintana


Riem de seu patético desengonço,
sua aparência de inacabamento
mas ninguém descobriu que esse estranho avestruz
é apenas
um pobre bicho que ainda está crescendo...

segunda-feira, 23 de junho de 2008

sexta-feira, 20 de junho de 2008

para um poema de lélia coelho frota

A equilibrista
despe a pele
por braços e pernas
dorso
em avesso
na travessia arriscada
de ser.

Frentista de um produto arriscado
- o próprio corpo –
se vira em duas
para agarrrar as mãos
que são suas.

A equilibrista agarrada
no fio controlado da sua
passagem elástica
se vira em quatro.
(A equilibrista
vive
de improviso
acrobático.)

Bicho que arrasta
patas, cara de gente,
boca
de gata.


Como é pequeno o espaço que lhe é dado
para passar o corpo deeesdobrado
que termina por crescer no quadro
para não cair, para ser segurado.

A equilibrista projeta ser
como um desenhista o desenho.
Mas para ser, o caminho é estreito:
há trecho em que só a mulher passa,
tem outro que só a esfinge devassa.

A equilibrista é uma dupla esforçada
metade gente, metade bicho.
(Mas não desistirá do capricho
de explorar o seu próprio espaço.)


quinta-feira, 19 de junho de 2008

Para um poema de bruno zeni


Vez ou outra sobe pela língua – como a tomar toda a esfera da boca – um gosto ferroso de sangue. Grosso e quente sobre a língua, molhado como lava brotando e correndo em círculos, fazendo e refazendo as curvas maxilares, forrando a carne de uma espessura vermelha de sangue – salgado, pesado e metálico. Esse pequeno mas intenso fogo líquido faz, então, parar.
Sentir sua forma e seu peso, e cada poro da carne da língua – os limites da boca – é saber que o sangue que ferve entre nossos dentes é sinal de uma carga de efemeridade que nos cabe acatar.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Para um poema de arnaldo antunes

tutano no osso
miolo no crânio
berro no bolso
bala no cano
carne no aço
sangue no pano
planta o caroço
humano
no mano

terça-feira, 17 de junho de 2008

Para um poema de francisco alvim


Nada, mas nada mesmo

tem a menor importância

Nem antes
Nem depois
Nem durante

sexta-feira, 13 de junho de 2008

tire o carro da cabeça


A CETESB, agência ambiental paulista, acabou de divulgar o relatório anual de qualidade do ar. Os dados confirmam o aumento da poluição atmosférica na cidade de São Paulo e na Região Metropolitana. O nível de concentração de ozônio superou o índice máximo recomendado em 72 vezes. Isso significa um aumento de 56% em relação a 2006.

O ganho que tivemos com o aperfeiçoamento tecnológico da indústria automobilística - vendendo carros menos poluentes, com injeção eletrônica e catalisadores - já se perdeu. O impacto gerado pela quantidade de carros em circulação supera essa melhoria.

Lembrando: a cidade de São Paulo tem 1 carro para cada 1,4 habitante. Imobilidade e ar sufocante. Deixe o carro em casa. Use transportes coletivos. Vá de bike, de skate, vá a pé. Com certeza, você chegará antes. E sairemos do sufoco.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

contra a cultura do automóvel

No próximo sábado, dia 14, a partir das 14hs, será realizado o World Naked Bike Ride - o passeio ciclístico nu. O evento acontece em várias cidades do mundo e vai rolar esse ano em São Paulo.

O encontro será na Praça do Ciclista, na altura do 2440 da Av. Paulista. Mais uma vez, chamando a atenção das autoridades, dos políticos e do público para a necessidade das ciclovias e de segurança para os ciclistas. Enfim, mais um movimento contra a cultura do carro. Vá de bike, vá de skate, vá a pé.Participe.




segunda-feira, 9 de junho de 2008

meninas no balanço (1)

Por fora
tenho tantos anos
que você nem acredita.
Por dentro, doze ou menos,
e me acho mais bonita.
Por fora, óculos;
algumas rugas,
gordurinhas,
prata nos tintos cabelos.
Por dentro sou dourada,
Alma imaculada,
corpo de modelo.
Por fora, em aluviões,
batem paixões contra o peito.
Paixões por versos, pinturas,
filosofia e amigos sem despeito.
Por dentro, sei me cuidar,
vivo a brincar, meio sem jeito.
Não me derrota a tristeza;
não me oprime a saudade;
não me demoro padecente.
E é por viver contente
que concluo sem demora:
é a menina que vive por dentro,
que alegra a mulher de fora!
luan lessa

domingo, 8 de junho de 2008

grafite animado



MUTO a wall-painted animation by BLU from blu on Vimeo.

Dica da Ana, esse fantástico grafite animado. Viva a imaginação e a criatividade.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

bola de gude, bola de meia


Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão


Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão


E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade alegria e amor
Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver
E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal


Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão
Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão

(milton nascimento)

segunda-feira, 2 de junho de 2008

estão chegando as festas juninas



Eu pedi numa oração

Ao querido São João

Que me desse um matrimônio

São João disse que não

São João disse que não

Isto é lá com Santo Antônio