quinta-feira, 19 de junho de 2008

Para um poema de bruno zeni


Vez ou outra sobe pela língua – como a tomar toda a esfera da boca – um gosto ferroso de sangue. Grosso e quente sobre a língua, molhado como lava brotando e correndo em círculos, fazendo e refazendo as curvas maxilares, forrando a carne de uma espessura vermelha de sangue – salgado, pesado e metálico. Esse pequeno mas intenso fogo líquido faz, então, parar.
Sentir sua forma e seu peso, e cada poro da carne da língua – os limites da boca – é saber que o sangue que ferve entre nossos dentes é sinal de uma carga de efemeridade que nos cabe acatar.

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