quinta-feira, 14 de maio de 2009

para o meu sobrinho caio


Eu vi Mariquinha
Na beira do rio
Pescando peixinho
Tremendo de frio

Eu vi Mariquinha
Na beira da praia
Pescando peixinho
Enrolando na saia

Eu vi Mariquinha
Na beira do poço
Pescando peixinho
Atirando pros moços

(cantiga popular)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

para outro poema de sophia de mello andresen



Metade de mim cavalo de mim mesma eu te domino
Eu te debelo com espora e rédea
Para que não te percas nas cidades mortas
Para que não te percas
Nem nos comércios de Babilônia
Nem nos ritos sangrentos de Nínive
Eu aponto o teu nariz para o deserto limpo
Para o perfume limpo do deserto
Para a sua solidão de extremo a extremo
Por isso te debelo te combato te domino
E o freio te corta a espora te fere a rédea te retém
Para poder soltar-se livre no deserto
Onde não somos nós dois mas só um mesmo
No deserto limpo com seu perfume de astros
Na grande claridade limpa do deserto
No espaço interior de cada poema
Luz e fogo perdidos mas tão perto
Onde não somos nós dois mas só um mesmo