À maneira
de quem lê poesia
acariciando cicatrizes.
À maneira
de quem lê um livro
iluminando capítulos
entrelinhas enredos.
Li o anjo.
(neide archanjo)
- já é hora de dormir,
não espere mamãe mandar,
um bom sono pra você,
e um alegre despertar.
Então era isso? Cutucar memórias emocionais, nostalgia de outros Natais? Que malandro! Fiquei com vontade de comer arroz de forno, rabanadas, saudades de um sabor quase etéreo na memória, uma inusitada mistura de cidra com guaraná. Será que alguém ainda vai à missa do galo? Galos ainda tecem manhãs, João?
Quem se lembra?
O grafite que vi na Rua Sabará, em Higienópolis, no muro de um estacionamento, trazia algo mais. Um carimbo, uma marca: Sprays Poéticos. Fiquei encantada com a proposta. Fui investigar e achei o projeto de Rica P, da produtora A Caravana. A idéia foi convidar artistas feras do stencil para que interpretassem poemas de Alice Ruiz, Paulo Leminski, Valeria Andrade e do próprio Rica P. Os Sprays Poéticos foram fotografados por Beto Riginik e o trabalho foi apresentado numa exposição na Casa das Rosas. Pra minha decepção, isso tudo rolou em meados de 2006. Perdi.
Esse que fotografei é do Celso Gitahy e da Valeria Andrade. Passei por lá esses dias e o grafite não existe mais. O muro foi pintado. Está todo branco esperando outras artes. Efêmeras. Como tudo.
Homem curvado sobre violão,
Como se fosse foice. Dia verde.
Disseram: "é azul teu violão,
Não tocas as coisas tais como são".
E o homem disse: "as coisas tais como são
Se modificam sobre o violão."
E eles disseram: "toca uma canção
Que esteja além de nós, mas seja nós,
No violão azul, toca a canção
Das coisas justamente como são".
wallace stevens