Saindo do cinema dei de cara com a figura. Achei que era um ator na sua performance de estátua viva. Estranhei a simplicidade da maquiagem, do figurino, o megafone nas mãos... Me aproximei e entendi sua proposta: o homem estava ali com a missão de exercitar nossa memória. Um cantador de jingles antigos. Quando mais curiosos se acercaram, ele levantou o megafone e cantou:
- estrela das Américas no ceu azul,
iluminando de norte a sul,
mensagens de amor e paz,
nasceu Jesus, chegou o Natal,
Papai Noel voando a jato pelo ceu,
trazendo um Natal de felicidade
e um ano novo cheio de prosperidade.
A simplicidade da sua proposta contrastava em tudo com a exuberância - ou seria melhor dizer exagero? – das montagens natalinas na Av. Paulista. É claro que todos lembramos do jingle tocado por décadas no rádio, na televisão. Como aplaudimos, ele mandou outro:
- já é hora de dormir,
não espere mamãe mandar,
um bom sono pra você,
e um alegre despertar.
Então era isso? Cutucar memórias emocionais, nostalgia de outros Natais? Que malandro! Fiquei com vontade de comer arroz de forno, rabanadas, saudades de um sabor quase etéreo na memória, uma inusitada mistura de cidra com guaraná. Será que alguém ainda vai à missa do galo? Galos ainda tecem manhãs, João?
Quem se lembra?
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