quarta-feira, 2 de abril de 2008

memória de cartão postal - bondes









Outros murais com paisagens antigas de São Paulo. Eles estão em Pinheiros. Os dois trazem os bondes como elementos que se destacam na paisagem. Os bondes também estão presentes em outros murais. Por que será? É claro que a paisagem pintada no mural é uma escolha do muralista, reflete suas preferências, objetivos, subjetividade. E talvez, os bondes estejam lá simplesmente porque o autor gosta de bondes. Ou porque o bonde estava na foto escolhida. Ou pela importância que os bondes tiveram na cidade. Não sei.

Independente das intenções dos muralistas, o cartão postal ativou minha memória. Lembrei-me das idas e vindas na linha que ia da Praça João Mendes ao Largo São Sebastião: Bonde 101 – Santo Amaro. Eu ia para a escola de bonde, nessa que foi a última linha em circulação em São Paulo, desativada em 1968.

Nesses dias em que os problemas causados pelos congestionamentos, pela precária mobilidade urbana, são constantemente pautados pela mídia, quando a palavra “trânsito” virou o seu oposto, virou sinônimo de congestionamento, ao ver os bondes nos murais, fiquei me perguntando: - Por que não? Porque os bondes foram retirados de circulação? Porque não são lembrados como alternativa de transporte coletivo? Eles que são silenciosos, utilizam energia mais limpa, e certamente, sua implantação é mais econômica do que a do metro. Mistérios... Não há aqui saudosismos, não é isso que me move, mas o desejo e o direito cidadão de viver numa cidade mais habitável. Por que o bonde - ou veículo leve sobre trilhos, como é atualmente chamado - utilizado em muitas cidades européias e asiáticas, não serve para São Paulo?

É essencial que os grupos políticos que já se anunciam como candidatos à prefeitura de São Paulo apresentem, em seus programas de governo, as diretrizes para um plano diretor de trânsito e transportes para a cidade, que contemple um conjunto de alternativas e soluções possíveis, estruturais ou não, para serem discutidas pelo conjunto da população.

Quero voltar a utilizar o bonde como opção de transporte coletivo e não como folclórica alternativa de laser.




2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Rosely,

Que grafites lindos, tem como me dizer em que rua ficam?

E seu comentário sobre o transporte foi absolutamente pertinente, num tempo em que vivemos numa cidade totalmente travada, alternativas são fundamentais e infelizmente não vejo muito posicionamento do meio político sobre isso.

Grande abraço,
Armando

Sandra Porto disse...

Adorei estes grafites. Adoro bondes. Poderiam funcionar nas cidades como antigamente. Hoje aqui só temos o de Santa Tereza. Bjs.