Não ando pela Praça Roosevelt há tempos. Outro dia, o Miguel me enviou uma mensagem com a foto de um grafite novíssimo na praça. Foi atração fatal, apesar da advertência que ele me fez sobre o local não ser adequado para “moças de família”.
A Roosevelt é uma praça bem estranha com seus três andares. É certo que há um desnível entre a Rua Augusta e a Consolação, mas nada que justificasse tanto concreto. Sob as lajes, no piso mais baixo, corre parte do complexo viário do Minhocão, ligando as zonas leste e oeste da cidade. É outro monumento urbano dos anos de 1970.
As construções que estão na praça já tiveram vários usos. Eu só me lembrava do supermercado, da floricultura e do CIM – Centro de Informação da Mulher. Acho que a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana também ocuparam instalações da praça.
Resolvi ir atrás do grafite no domingo. Há uma feira-livre ali e eu deduzi que encontraria mais gente circulando. Entrei pelo lado direito, os feirantes estavam desmontando suas barracas, sujeira monumental na rua. Mas o estado de degradação da praça não era muito diferente daquele final de feira. Naquele piso, só a floricultura ainda estava funcionando. Tudo o mais foi removido e os prédios estavam com as janelas emparedadas para evitar invasões.
Chocante! Há dois anos a prefeitura anunciou uma nova proposta para a Praça Roosevelt. Reforma total, mais verde e menos concreto. Boatos veicularam a suspeita de que a intenção era construir um novo shopping no local. Não sei se procede. O certo é que, em nome dessa reforma, as atividades que ocupavam os edifícios foram removidas. Como nada aconteceu, a população de rua ocupou a área e ninguém mais cuida do espaço.
Acho que meu espanto foi por conta do desejo. Na calçada oposta, a vinda dos teatros deu vida nova ao local. Estão ali os Parlapatões, o Espaço dos Sátiros, Teatro Studio, Teatro do Ator, acompanhado pelos bares, lanchonete, livraria, enfim, eu simplesmente fantasiei que esse movimento tivesse se estendido por toda a praça.
Os grafites? São muitos. Alguns já antigos, desbotados, pixados, ou com muitos vestígios de fogueira. Outros, desafiando a degradação do lugar, mantêm um difícil diálogo com os moradores de rua.
E a provocação do Miguel? Bem, o grafite que me levou até lá fica para outra postagem.
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