José Augusto Amaro Capela, o Zezão, é um grafiteiro muito especial. Talvez, um dos artistas que mais radicalizaram o sentido do grafite, da arte da rua. A arte de Zezão encanta e surpreende. Os delicados arabescos em tons de azul, sua marca registrada, foram batizados por ele de flops. Segundo entrevistas, os flops surgiram de estilizações da sua marca de pixador.
Seus flops estão nos museus e galerias de arte. E em geral, nos lugares mais degradados da cidade: becos, ruínas,edifícios abandonados, baixios de pontes e viadutos, nos córregos, canais de drenagem, galerias de esgotos. Neles se contrapõem delicadeza e degradação, beleza e sujeira, comunicação e invisibilidade, luz e sombras. A força desses paradoxos é que torna sua arte tão especial, tão singular entre os grafiteiros de Sampa.
Por tudo que representam, não posso pensar em melhor imagem para o dia internacional da água do que os flops de Zezão. Como esses contrastes expressam as atitudes contraditórias que temos em relação à água!
Sem água não haverá vida. Essa evidência ninguém questiona. Entretanto, os suprimentos de água doce do planeta vêm sendo assustadoramente poluídos e exauridos. Nos últimos 70 anos, a população mundial triplicou enquanto o consumo de água tornou-se seis vezes maior. A sensação de infinitude que sempre acompanhou nosso imaginário sobre esse recurso é hoje completamente anacrônica. Cada litro de resíduos que geramos pode contaminar 8 litros de água doce. Atualmente, cerca de 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável e 2,4 bilhões ao saneamento básico. Faça a sua parte. Mude seus padrões de consumo. Elimine os desperdícios. Exija dos candidatos às prefeituras políticas e programas que interfiram e mitiguem essa situação.
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