Primeiro foram os outdoors. Tudo bem, havia exageros, excessos, mas era só uma questão de estabelecer normas e fiscalizá-las. Afinal, num país de analfabetos e semi-alfabetizados, muitas outras formas de leitura são usadas pela população para localizar espaços e endereços na cidade. Além disso, alguns outdoors e luminosos de tão incorporados à paisagem urbana, constituíam o patrimônio da cidade. Mas, vá lá, o alcaide mobilizou esforços, recursos, e a cidade ficou pelada dos seus outdoors, placas, luminosos e outras formas de identificação. Há quem apóie, há quem discorde dessa medida.
Agora, são os grafites. As subprefeituras de São Paulo vêem sistematicamente eliminando os grafites dos muros da cidade. Faz parte da política de limpeza. O alcaide deve adorar a cor cinza-pardacenta da tinta usada para destruir os grafites. Li declaração da Secretaria Municipal que coordena as subprefeituras afirmando que elas pintaram 1 milhão de metros quadrados de muros em 2006. No primeiro trimestre de 2007 foram mais 500 mil metros quadrados de muro. O custo disso tudo é de R$ 300 mil mensais. Multipliquem e terão o total de recursos públicos gastos com o que Kassab considera sujeira.
O curador da mostra é Fábio Magalhães com assessoria do grafiteiro Boleta. A mostra estará aberta ao público entre os dias 17/01 e 09/03 e a entrada é gratuita. O MAC fica no Parque Ibirapuera, no prédio da Bienal. Há quem conteste a entrada do grafite nos museus e galerias, mas essa é uma outra discussão.
Link http://www.macvirtual.usp.br/MAC/templates/exposicoes/streetart/apresentacao.asp
3 comentários:
Vixe! Acho que a gente pensa igualzinho!
Minha mãe ficou internada por 10 dias e como fui sua acompanhante por parte desse tempo, pude bem perceber como a limpeza em hospitais é algo muito importante, afinal infecção hospitalar era a última coisa que minha mãe precisava naquele momento. Por isso, vi com alegria como zelava por ela toda a equipe do hospital.
Agora, aqui fora, nas ruas - como embaixo do Minhocão por exemplo - prefiro o colorido e a beleza dos grafites ao bege "me engana que eu gosto" que a atual gestão municipal quer nos impingir.
Adorei!
Quando aquele Picasso (Retrato de Suzanne Bloch) e aquele Portinari (O lavrador de café) foram roubados do MASP, se chegou a dizer que a humanidade estaria sofrendo pelo menos duas grandes perdas: econômica (juntas, essas obras valem US$ 55,5 milhões) e cultural.
Uma vez que devem ter sido apagados mais de 2 mil grafittes em São Paulo entre 2007 e 2008 e uma vez que uma tela de Osgemeos (por exemplo) custa cerca de 20 mil dólares, qual o tamanho da perda que os paulistanos (no mínimo!) estão tendo com a campanha de limpeza da Prefeitura de São Paulo?
A Prefeitura não sabe, como afirma o Secretário Andréa Matarazzo, em entrevista publicada pelo "O tranca rua", blog de João Wainer: "Não sabemos o valor do grafite, nem imagino que ninguém na prefeitura saiba”. As cerca de 30 mil pessoas que visitaram a Fortes Vilaça, a Choque Cultural, o SESC-Pinheiros e o Memorial da América Latina (entre outros!) em 2006 e as tantas outras que visitam o MAC este ano certamente sabem.
Parabéns!
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