Era uma vez uma aldeia que ficava num vale, cercada por altas montanhas. Nessa aldeia vivia uma menina chamada Kiry.
Kiry e as outras crianças brincavam sempre no pátio da aldeia. Às vezes, Kiry parava de brincar e ficava pensativa, olhando para as montanhas. - O que havia além das montanhas? Todos na aldeia diziam que além das montanhas morava um gigante e que ele devorava as pessoas. Um dia, Kiry resolveu conversar com sua mãe sobre esse assunto.
- Mãe, o que existe alem das montanhas?
E sua mãe respondeu: - Além das montanhas mora um gigante e ele devora as pessoas.
- E você já viu o gigante, mamãe?
- Eu não - disse a mãe - mas a sua avó já viu e foi ela quem me contou.
Então Kiry resolveu ir até a casa da avó para perguntar-lhe sobre o gigante.
- Vovó, você sabe o que há além das montanhas?
- Sei, disse a avó trazendo Kiry para perto de si. – Além das montanhas mora um gigante. E esse gigante devora as pessoas.
- Você viu o gigante, vovó?
- Eu não vi, disse a avó. – Mas a minha mãe viu e foi ela quem me contou.
Como a bisavó de Kiry já havia morrido, ela não pode continuar com suas perguntas. Então, Kiry resolveu ver o que havia além das montanhas. Pegou algumas coisas que precisava para a viagem e começou sua caminhada. Andou e andou e quanto mais avançava subindo a encosta, mais seu coração ia ficando ofegante e apertado. Até que ela chegou ao topo da montanha.
Do outro lado, Kiry viu um bosque com árvores antigas e grossas. Ela espiou e espiou até que viu uma sombra enorme entre as árvores. Seu coração disparou. – É ele, o gigante! - ela pensou. Então começou a descer vagarosamente o outro lado da encosta, na sua direção. E a medida em que ela avançava, aproximando-se, a sombra ia diminuindo. E foi diminuindo, diminuindo, até que de repente, Kiry deu de cara com ele, e perguntou:
- Você é um gigante ou um anão?
E ele respondeu: - eu sou do tamanho do medo de cada um.
Quando vi esse desenho lembrei-me imediatamente da história de Kiry, um conto africano que me contaram e que passei a contar da minha maneira, ou da maneira como ouvi. Só havia contado oralmente. É a primeira vez que escrevo. Espero não ter diminuído a sua beleza. O desenho é de Merdanchik. http://blog.merdanchik.com/
2 comentários:
também adorei este para a revista. ...só consigo escrever como anônimo!?
A história revela exatamente como o nosso medo tem um tamanho proporcional ao que vai em nossas mentes.E o medo paralisa, o medo come nosso tempo, o medo nos distancia, superar nossos medos é nossa maior aventura, e digo talvez que seja nossa meta para sermos felizes. Nosso menino encontrará formas, sinto isto em meu coração, talvez não as mais adequadas, mais encontrará as formas. Talvez nós não consigamos perceber isto imediatamente, mas acontecerá. Beijos minha linda irmã. Silvana
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