quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

estava na cabeça? tá no muro

Chegando a Fortaleza, com olhos compridos pelas janelas do táxi, eu revi a cidade onde passei férias maravilhosas com meu amor. Agora, o programa era outro. Estava trazendo minha mãe pra conhecer a cidade, junto com minha irmã. Eu ia lembrando os lugares onde estivemos, selecionando aqueles que seriam mais adequados a essa outra companheira de viagem com seus 80 anos. Uma mistura das paisagens interiores com as que eu iria rever.
A caminho do hotel eu notei o muro, todo escrito. Consegui ler uma coisa ou outra, achei interessante a forma como tinham dividido o espaço, mas, não podia parar o táxi e ler tudo, fotografar. Não consegui nem localizar direito qual era o nome da rua pra voltar depois.
As férias foram rolando, alugamos um carro pra facilitar os deslocamentos da nossa “jovem” companheira de viagem, minha irmã de motorista, eu de co-piloto, lendo mapas, buscando os caminhos, mão e contramão das ruas de Fortaleza. De repente, eu vi o muro e, novamente, não podíamos parar. Mas como eu ia numa atenção total pelos caminhos, guardei sua localização.
Na véspera de voltarmos pra casa, antes de seguir para nossos últimos passeios, fomos lá. As duas ficaram no carro, eu desci e pude matar a curiosidade sobre o que estava escrito naquele muro cercando um grande terreno, quase um quarteirão para especulação imobiliária. Minha mãe, acostumada as minhas esquisitices, não fez nenhum comentário sobre o estranho ponto turístico que eu queria ver e fotografar. Quando voltei pro carro, me perguntou: - ficaram boas as fotos? Algumas estão aqui.















Na verdade, toda aquela escrevinhação foi obra de um só grafiteiro: o sapateiro Alves. Minha primeira impressão foi de que os escritos eram ditados, provérbios populares. Sim, havia alguns. Mas era muito mais que isso. Algumas frases eram protestos contra os políticos e suas políticas. Outras eram preces, pedidos de alívio para suas aflições, um muro das lamentações. Havia também conselhos aos transeuntes, reflexões sobre a vida, registros de episódios cotidianos do sapateiro Alves. Aquilo era um verdadeiro blog. Por isso os espaços estavam tão bem divididos, cumprindo seus múltiplos papéis.


2 comentários:

Carmem Silvia disse...

Olhei rapidinho.
Vou voltar com calma!
Mas amei:"Se você é bonita já é feliz. Bote fé em Deue e em você."
KKKKKKKKKKKK

Anônimo disse...

Mt bom...

lembra o profeta gentileza, aqui do Rio...

pra quem não conhece:

www.riocomgentileza.com.br

"gentileza gera gentileza"

Abraços!