A alegria da árvore não é saber a arquitetura do ninho.
Nem crescer engordando as cascas.
Nem reter longe os frutos que o vazio da mão já palpita.
Nem nutrir a bucha com que se lava até o nu nos outonos.
Nem polir-se com a orquestra do orvalho nas folhas.
Nem exibir, sem vaidade e sem timidez, as rugas do caule, a calvície do tronco.
Nem filtrar a luz, escoando poças de sol no chão da brisa.
Muito menos revolver novo o que lhe é devolvido gasto.
Nem é alegria de árvore.
Minha alegria não é desbotar-me, nem sobrar das sobras,
nem caminhar escuro, cavando profundo,
nem semear e nutrir longe, imóvel:
é me celebrar apenas quando disperso como uma folha,
quando vivo com doação e desperdício.
Nem é minha a alegria.
Não sei me comparar para me incluir.
Uma alegria de árvore não pode ser resumida.
Um comentário:
ainda hoje eu vi a arvore, o neurônio.
eu me lembro dele e do ar.
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