Eu estou longe de ser considerada uma carnavalesca, seja lá a idéia que se faça sobre isso. Durante o carnaval, quando não viajo, usufruo a cidade mais vazia, sem trânsito e filas, longe de qualquer atividade ou evento que lembre as folias de Momo. Mas, recebi um convite para ir ver o Bloco Afro Ilú Obá de Min. Já tinha ouvido falar da sua bateria formada só por mulheres, das suas oficinas de percussão, dos ensaios realizados na rua, e fiquei com vontade de ver.
Sexta-feira, 9 da noite, o Bloco estava concentrado no viaduto Major Quedinho e dali, conduziu o cortejo até o Largo Paissandu, em frente à Igreja dos Homens Pretos. Adorei. O tema foi sobre um mito de criação nagô: Do Òrún ao Àiyé, ou seja, do céu, ou do mundo espiritual à Terra, ao mundo físico e material. Do Òrún, rei-pai dando uma missão a sua filha-princesa de criar a terra e tudo que tem existência material. Para cumprir essa missão, a princesa Odùduà teve ajuda dos Orixás: Exu, mensageiro; Ogun, senhor dos caminhos e das direções; Ossain, espalhando as sementes das plantas; Oxossi, senhor da caças, trazendo alimentos; e Oxum, que preparou os mortais para receberem os Orixás.
O que me surpreendeu não foi o tema, ligado à religiosidade afro brasileira, mas o fato do carnaval ser celebrado como uma festa que é também religiosa. Uma fusão que recria tradições. A saudação, o canto, a coreografia e o toque dos tambores pra os Orixás; a presença imponente de cada um deles sobre as pernas de pau, à frente do cortejo; a alegria que conduziu tudo.
Aguardem: próximo carnaval viro batuqueira e me integro a essa bateria!
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